Ninho de suceiras : diálogos etnocenológicos a partir das espetacularidades do corpo feminino negro na Suça de Natividade-TO

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo o diálogo a partir das espetacularidades do corpo feminino negro na suça de Natividade-TO. A suça é uma manifestação cultural de origem africana e, assim como outras expressões artísticas presentes no Brasil, passa a ser inserida nos ritos sagracionais portugueses gerando uma cultura de heranças estéticas brasileiras. Uma manifestação forjada por processos de transculturação, dinamicamente instaurados na região como forma de resistência dos símbolos e significações do povo negro no Tocantins. O referencial teórico aborda contribuições da Etnografia Decolonial tendo a Prática como Pesquisa e a Etnocenologia como procedimentos de análise e descrição. Trata-se de uma reflexão que tem como base os estudos de Armindo Bião e Leda Maria Martins, interconectados as questões de raça e gênero presentes nas pesquisas de Lélia Gonzalez, Djamila Ribeiro e Grada Kilomba. Tal proposta de interlocução mostra como a ausência de pesquisas que trazem a voz feminina tem inviabilizado o reconhecimento do lugar e o papel das mulheres na suça, ocultando assim o caminho de sua referência nessa história. Na tradição nagô, a ancestralidade feminina é representada por pássaros, logo, nessa pesquisa o corpo feminino negro suceiro é entendido enquanto arquivo vivo, mulheres-pássaros que agem na produção do seu ninho de tradições. Desta forma, potencializar as vozes femininas nas manifestações culturais, pode contribuir para ampliar o debate no que tange as questões interseccionais, e a crítica aos discursos conservadores, preconceituosos e dominadores nesse locus social, resultando em novas formas de (re)conhecimento do lugar da mulher no universo da cultura brasileira.