O essencial é invisível aos olhos : prescrições, sentidos e práticas avaliativas em turmas de alfabetização de uma escola pública do Distrito Federal

Abstract

O objeto deste estudo se assenta na avaliação da aprendizagem. Como categoria central do trabalho pedagógico, representa seu pôr teleológico ao ser processo de investigação da realidade em prol da realização de ações com vistas ao alcance de um objetivo previamente determinado. Tem como objetivo geral: analisar os sentidos e significados constituídos por docentes dos anos iniciais do ensino fundamental acerca das propostas de avaliação contempladas no Regimento da rede pública de ensino do DF (2019) e nas Diretrizes de Avaliação Educacional (2014). Os objetivos específicos são: a) Discutir as orientações para a avaliação nos anos iniciais contempladas no Regimento da rede pública de ensino do DF (2019) e nas Diretrizes de Avaliação Educacional (2014). b) Discutir como docentes dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola classe articulam às suas práticas avaliativas em sala de aula o proposto no regimento da rede pública de ensino do DF e nas diretrizes de avaliação educacional. c) Compreender como docentes dos anos iniciais do ensino fundamental da rede pública de ensino articulam no trabalho pedagógico orientações de avaliação distintas. Em termos teórico-metodológicos, a pesquisa qualitativa (Lüdke; André, 2018; Bogdan; Biklen, 1994; Creswell, 2007) assume a perspectiva crítico-dialética com base em pressupostos do Materialismo Histórico-Dialético, discutidos por Cury (1989), Húngaro (2014), Kosik (1969), Netto (2011), Triviños (1987), Sousa (2014), entre outros. Para a produção dos dados, utilizamos: análise documental, observação de aulas e reuniões pedagógicas, e, entrevistas semiestruturadas com 1 (uma) gestora e 3 (três) professoras que lecionam no Bloco Inicial de Alfabetização dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, da rede pública de ensino do Distrito Federal. A leitura e organização dos dados foi realizada por meio do procedimento de Núcleos de Significação (Aguiar; Ozella, 2006). Da análise dos dados, emergiram as categorias: 1. A (des)articulação entre os níveis de avaliação no cotidiano escolar; 2. Idas e vindas da avaliação de sala de aula: movimentos contraditórios nas concepções e práticas avaliativas no cotidiano escolar; 3. Avaliar para incluir, incluir para aprender: materialização da avaliação formativa na prática docente; 4. Das orientações institucionais às práticas avaliativas das professoras: o conflito entre a escuta sensível e o controle disciplinar; e, 5. Conflito entre a escuta atenta pelos professores e o controle disciplinar do Regimento: materialização das prescrições nas práticas avaliativas na escola. Os resultados indicam que: a) a articulação das prescrições avaliativas da rede pública de ensino é permeada por contradições, pois embora as Diretrizes de Avaliação assumam a perspectiva formativa, o Regimento prevê punição, notação e classificação; b) um dos desafios da adoção de práticas avaliativas formativas é superar concepções e práticas cristalizadas que valorizam a nota, a classificação e a meritocracia; c) há nuances de práticas avaliativas com intenção formativa na escola pesquisada, no entanto, não é possível afirmar que estejam consolidadas conscientemente e conceitualmente pelas professoras.