Entrepresença, performances artísticas com incorporação de dispositivos tecnológicos como potência do sentir

Abstract

Esta tese apresenta-se como um modo de produzir materialidade, arquivo, investigação e estatuto epistemológico das performances de entrepresença entrelaçadas a outros referenciais teóricos e artísticos. As questões motivadoras dessa pesquisa são: a) O que é a entrepresença enquanto sensação estesiológica? b) É possível provocar sensação de entrepresença ao criar performance artística com o uso de dispositivos incorporados em vestimentas? c) De que maneira os dispositivos tecnológicos podem mediar e alargar as capacidades expressivo/sensitivas de entrepresença em performance artística? Estas questões levam aos objetivos dessa pesquisa: como objetivo geral escolheu-se investigar a entrepresença como uma noção estética que se apoia na estesiologia e que provoca a criação de performances, nas quais o corpo do performer se apresenta como uma interface que partilha o sensível no espaço tangível e no ciberespaço; e como objetivo específico elegeu-se criar performances que incorporam dispositivos tecnológicos em vestimentas como potência do sentir a entrepresença. Deste modo, constituiu-se a metodologia da invenção como estratégia de elaboração das performances de entrepresença, combinando a pesquisa performativa e o método fenomenológico de MerleauPonty. Os dados do estudo foram coletados por meio de cadernos de apontamentos, ficheiro de imagens, vídeos e fichas cartográficas das performances. Fez-se uso de procedimentos de apropriação, colagem, remix, plagiocombinação e arrastão para criar vestimentas que incorporam dispositivos tecnológicos utilizados para a realização de três grupos performances criados entre os anos de 2018 e 2022, a saber: Grupo 1) performances que buscam reconfigurar a presença e não-presença corporal por meio de dispositivos tecnológicos conectados em rede; Grupo 2) performances que ocupam espaço tangível e ciberespaço para constituir a entrepresença por meio do Ministério dos Territórios Sensíveis (MITESE); Grupo 3) performances que configuram a entrepresença como expressão do Estado Sensível (ESTASE). Como fechamento da tese, entende-se que as performances de entrepresença que incorporam dispositivo tecnológico como uma potência do sentir na fronteira do espaço tangível com o ciberespaço oferecem maleabilidade que redesenha contornos entre natureza e cultura, entre organismo e máquina, por meio de uma experiência do corpo performer como interface, simbiose, hibridização, interconexão de partilha sensível.