Impactos ambientais e socioeconômicos dos sistemas integrados de produção de base agroecológica de Alto Paraíso-GO

Abstract

O modelo de agricultura desenvolvida a partir de 1970 proporcionou uma ampliação da produtividade agrícola. Técnicas de mecanização, melhoramento de sementes e utilização agroquímicos, contribuíram para aumentar a produção vegetal e animal. No entanto, apesar desses avanços o problema da fome não foi resolvido e os problemas de degradação ambiental se intensificaram. No Brasil esse modelo agrícola advindo da revolução verde recebeu incentivos governamentais, na década 1970 o Governo Militar concedeu créditos para agricultores que tivessem interesse em aderir aos pacotes da revolução verde. Nesse sentido, o desenvolvimento agrícola no Brasil esteve condicionado ao modelo proposto pelos idealizadores da revolução verde. No entanto, problemas como degradação ambiental e a permanência da fome, impuseram várias críticas a esse modelo. Movimentos que criticavam o uso indiscriminado de agrotóxicos e de forma geral a degradação ambiental, começaram a ganhar força no Brasil a partir da década de 1980. Esse movimento contribuiu para o desenvolvimento de uma agricultura menos impactante e ganhou várias denominações com o passar do tempo, ficou conhecida popularmente como agricultura orgânica e/ou de base agroecológica. A agricultura orgânica e/ou de base agroecológica tem avançado mundialmente, tanto na produção quanto na comercialização e tem movimentado a economia do setor agrícola de vários Países. Na avaliação dos impactos dos sistemas agrossilvipastoris de produção orgânica e/ou de base agroecológica, foi realizada uma revisão sistemática cujos resultados se mostraram promissores. Na dimensão econômica autores relatam redução no uso de insumos externos, na dimensão ambiental constatou-se diminuição de impactos ambientais, na dimensão social apurou-se melhorias na organização social e na qualidade de emprego. No Brasil o cenário não é diferente, a área de produção da agricultura orgânica tem sido ampliada em diferentes Estados e tem proporcionado benefícios econômicos, ambientais e sociais. Na região de Alto Paraíso que está localizada no nordeste do Estado de Goiás, esse modelo tem ganhado espaço. Os agricultores do assentamento Sílvio Rodrigues e região tem substituído gradativamente o manejo convencional por uma agricultura orgânica e/ou de base agroecológica. Para avaliar os impactos dessa agricultura foi utilizado o Sistema de Avaliação de Impactos Ambientais de Inovações Tecnológicas Agropecuárias (Ambitec-Agro) que é constituído por um conjunto de indicadores de desempenho de inovações tecnológicas e de manejo agropecuário, que serve para avaliar sete aspectos: 1. Uso de Insumos e Recursos; 2. Qualidade Ambiental; 3. Respeito ao Consumidor; 4. Emprego; 5. Renda, 6. Saúde; e 7. Gestão e Administração. Ao analisar estatisticamente a implantação do manejo orgânico e da transição agroecológica das propriedades da região, constatou-se que as técnicas implantadas promoveram melhorias nos indicadores ambientais, sociais e econômicos. Critérios de impacto da atividade como Conservação da biodiversidade e recuperação ambiental, tiveram significância estatística pelo teste não paramétrico de Wilcoxon, ao nível de probabilidade de 5%. Sendo assim, a transição para o manejo orgânico e/ou de base agroecológica tem proporcionado uma maior sustentabilidade para as atividades agropecuárias da região.