Patriarcado, Capitalismo e Estado nas obras de Cinzia Arruzza, Angela Davis e Nancy Fraser

Abstract

A presente tese tem o objetivo de analisar como a relação entre patriarcado e capitalismo pode informar uma determinada concepção de Estado. Para isso, foram analisadas as obras de Angela Davis, Cinzia Arruzza e Nancy Fraser. A tese parte do pressuposto que as grandes estruturas sociais, como o patriarcado, o capitalismo e o racismo são as principais responsáveis por garantir as desigualdades de gênero no interior das sociedades capitalistas. Outro ponto, debatido ao longo da tese procura reforçar a ideia de que as sociedades democráticas liberais têm grande dificuldade em avançar decididamente em direção à igualdade de gênero. Essa dificuldade é decorrente da própria ligação entre o liberalismo com o capitalismo e deste com o patriarcado e o racismo. As três autoras trabalham, cada uma ao seu modo, com a intersecção entre patriarcado, capitalismo e racismo. Em Cinzia Arruzza, a articulação principal se dá entre o capitalismo e o patriarcado, que molda as relações de trabalho e facilita a exploração capitalista a partir de um viés de gênero. Já em Angela Davis, o racismo aparece como elemento aglutinador das relações capitalistas, que ganham um caráter racializado das relações de gênero. Em Nancy Fraser, as relações de gênero são mediadas pelas transformações históricas do capitalismo, que condiciona e fomenta as barreiras institucionais que impedem a igualdade de gênero, focadas em questões de raça e classe. Nas três autoras, o Estado atua como elemento central para garantir a exploração de classe e a opressão de gênero e raça. Ao trazer o Estado para o centro do debate, as autoras reforçam a necessidade de construir alternativas políticas que tenham a igualdade de gênero como fim e isso passa, segundo as autoras, pela superação do capitalismo. Ao trabalhar com essas três dimensões das estruturas sociais, as autoras mobilizadas contribuem para sofisticar o debate sobre o conceito de Estado no interior do pensamento marxista. Elas fazem isso ao chamar atenção sobre como as desigualdades presentes nas relações de gênero são fundamentais para a exploração e opressão no sistema capitalista.