As interfaces no enfrentamento da violência obstétrica : descortinando a realidade

Abstract

Contribuindo com o conhecimento sobre o enfrentamento à violência obstétrica, a presente dissertação é composta por três estudos. O primeiro, uma revisão narrativa, descreve o início da prática obstétrica assistida profissionalmente até o modelo vigente, observando a construção da relação médico-mulher (paciente) no acompanhamento do ciclo gravídicopuerperal e a entrada de outros profissionais para o suporte técnico e emocional. Práticas que violam a individualidade e o corpo da mulher têm sido reportadas frequentemente. O enfrentamento à violência obstétrica encontra barreiras técnicas que vão desde à nomeação e definição desse tipo de violência até a aceitação dos tipos e formas de violência, ao nomear atitudes e locais onde acontecem. Uniformizar o termo significa situar as mulheres, os profissionais que assistem ao parto, a legislação vigente e a sociedade em geral para a criminalização das práticas que violem os direitos das mulheres. O segundo estudo, uma revisão integrativa da literatura, apanhou as produções científicas dos últimos cinco anos que fornecem alguma orientação para o enfrentamento dessa violência. A variedade de estudos incluídos foi importante para destacar práticas possíveis ao enfrentamento da violência obstétrica e diferentes níveis de poder. Já no estudo três, uma análise documental, foram analisadas oito cartilhas e um folder, distribuídos gratuitamente, e que têm como objetivo informar mulheres e prevenir a violência obstétrica. Foi possível estudar uma medida de enfrentamento dessa violência, analisando sua aplicabilidade a partir de orientações encontradas na literatura que versam sobre a violência obstétrica. O presente trabalho foi capaz de reunir diferentes estratégias para o enfrentamento da violência obstétrica, ações que unem os diferentes setores sociais: formação acadêmica dos profissionais de saúde que atendem ao parto, a atuação e relação desses profissionais com as gestantes, parturientes e puérperas, o acesso à informações de qualidade à mulher e a possibilidade de sanar as dúvidas durante o pré-natal, o parto e o pós-parto, a articulação de instituições e organizações em prol da defesa dos direitos da mulher ao longo da assistência ao ciclo gravídico-puerperal, a reorganização das instituições que assistem ao parto a fim de garantir os direitos das mulheres e o poder legislativo.