Avaliação da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil : estudo de caso do Distrito Federal

Abstract

O aleitamento materno e a alimentação complementar saudável trazem inúmeros benefícios para a saúde da criança. Desde 2013 a Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) tem o objetivo de promover a reflexão e capacitação dos profissionais da Atenção Primária para a promoção da amamentação e alimentação complementar de crianças de 0 a 2 anos de idade. Este estudo teve o objetivo de analisar a influência do contexto organizacional sobre o grau de implantação da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Distrito Federal (DF) e a associação da EAAB com as práticas de amamentação e alimentação complementar nas crianças com até dois anos de idade. Métodos: Estudo de caso único, utilizando método da análise de implantação do tipo 1 em 6 UBS que cumpriram os critérios de certificação da EAAB. Pesquisa documental e entrevistas com atores-chaves foram realizadas. Na análise da implantação da EAAB foi desenvolvido um modelo lógico conceitual, foram construídos indicadores do contexto organizacional baseados no Triangulo de Matus classificados segundo sua influência (positiva ou negativa) na implantação e criada uma Matriz (escore de 0 a 100 pontos) para análise do grau de implantação da EAAB nas UBS. Além disso, com um delineamento transversal foram utilizados os dados coletados sobre a alimentação das crianças e realizadas análises bivariadas com Teste Qui-Quadrado de Pearson e multivariadas através da regressão de Poisson, incluindo no modelo as variáveis associadas com o local de acompanhamento da criança com p<0,20 para se obter as razões de prevalência ajustadas dos indicadores de aleitamento materno e de alimentação da criança. Resultados: O modelo lógico mostrou 6 etapas de implantação da EAAB, porém nenhuma sobre monitoramento após a certificação. No contexto, 10 indicadores influenciaram positivamente a implantação, destacando-se a amamentação e alimentação complementar como prioridade na legislação e a existência de coordenação da EAAB e 7 indicadores influenciaram negativamente, destacando-se a ausência de recurso financeiro específico para EAAB e de apoio às UBS para o desenvolvimento de ações de monitoramento. No grau de implantação, identificou-se 5 UBS com grau avançado (escore de 51 a 80 pontos) e 1 consolidado (escore acima de 80 pontos). Não foi encontrada associação da implantação da EAAB com os indicadores de alimentação da criança no DF, alguns indicadores, como o aleitamento exclusivo (63,6% e 54,3%), aleitamento continuado (70,0% e 64,8%), e consumo de alimentos ricos em vitamina A (61,2% e 67,2%) tiveram prevalências maiores tanto em UBS sem a certificação da EAAB quanto em UBS com a certificação, respectivamente. Outras prevalências mostraram resultados mais críticos com elevado consumo de ultraprocessados (73,5% e 76%) e de bebidas adoçadas (47,6% e 46,4%) em crianças com 6 a 24 meses de idade nas UBS sem e com a certificação da EAAB, respectivamente. Conclusões: Houve diferenças no grau de implantação de UBS certificadas no DF. A existência de indicadores do contexto com influência negativa para implantação da EAAB no DF. Não foi encontrada associação da EAAB no DF com os indicadores de alimentação da criança nos serviços analisados.