Métodos sísmicos ativos e passivos aplicados para caracterização da barragem do Paranoá em Brasília-DF

Abstract

As falhas recentes e fatais em barragens de rejeitos no Brasil geraram grandes considerações sobre as políticas de segurança em torno das barragens de terra. A busca por metodologias voltadas à obtenção de informações sobre as características internas de uma barragem tem crescido bastante no país desde então. Os métodos geofísicos têm potencial aplicabilidade para investigações em barragens, e a contribuição dos métodos de sísmica de refração e de ondas de superfície é bem conhecida, uma vez que as velocidades das ondas P e S podem ser associadas a módulos elásticos de interesse geotécnico. Poucos estudos foram desenvolvidos cobrindo grandes porções de maciços de grandes barragens de reservatório de água. Apesar de serem estruturas com menor risco agregado quando comparadas às barragens de rejeitos, as barragens de reservatórios de água também estão sujeitas ao desenvolvimento de patologias internas. Considerando o contexto construído em torno dos métodos sísmicos para investigações geotécnicas, foram utilizados os métodos de tomografia de tempos de percurso, MASW e SPAC para obter os modelos Vp e Vs da barragem Paranoá, a maior barragem de Brasília, capital federal do Brasil. O objetivo deste estudo foi interpretar características internas da barragem a partir de modelos de velocidade, identificar anomalias que poderiam estar associadas à saturação de água a partir da distribuição da razão Vp/Vs e avaliar aspectos gerais das metodologias utilizadas para avaliação de barragens de terra. A utilização de métodos sísmicos foi uma forma prática e eficiente para cálculo de modelos de velocidade, permitindo a caracterização de várias feições de uma barragem de terra e enrocamento, como delineamento do solo de fundação, zonas de menor compactação, nível de água e possíveis anomalias de saturação no maciço. Uma análise das profundidades de investigação alcançadas sugere que essa variável é provavelmente específica do local, ao invés de uma questão exclusiva de instrumentação de fonte e receptor.