Experiência materna durante a internação do filho na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal : repercussões no estabelecimento do vínculo afetivo e na parentalidade

Abstract

Introdução:O nascimento prematuro pode gerar necessidade de intervenções precoces para a manutenção da vida e hospitalização do recém-nascidona Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e, consequentemente, a separaçãomãe-filho.A separação dos pais do neonato, gera desafios no processo de construção da parentalidade, apropriação e formação de vínculo, impactando no desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças, assim como na saúde mental dos pais. Objetivo:Compreender, na perspectiva materna, as repercussões da internação do filho pré-termona Unidade de Terapia Intensiva na construção do vínculo e na parentalidade. Método: Estudode método misto, com adoção do método convergente paralelo. As etapas quantitativas e qualitativas ocorreram simultaneamente, com delineamento transversal, com abordagem qualitativa e quantitativa. A coleta de dados ocorreu por meio das técnicas de observação sistemática não participante, entrevista em profundidade,construção de genograma,preenchimento do questionário de caracterização das mães e pré-termos e oautopreenchimento do instrumento de avaliação do vínculo entre mãe e neonato -Postpartum Bonding Questionnaire(PBQ). O público alvo foram mães acompanhantes de recém-nascidos internados na UTIN. Em relação aos dados quantitativos, foram realizadas análises descritivas e testes de correlação entre os resultados obtidos no PBQ e algumas variáveis do questionário de caracterização das mães e pré-termos. Para a análise dos dados qualitativos, provenientes das entrevistas em profundidade, optou-se pela pesquisa de narrativa na perspectiva holística com ênfase no conteúdo, tendocomo referencial teórico o interacionismo simbólico. Resultado: Participaram do estudo 23 mães de pré-termos moderados a tardio. Destas, 23 participaram da etapa quantitativa respondendo ao questionário de PBQ e 15 participaram da etapa qualitativa do estudo. Não foram encontradas evidencias nos testes de correlação aplicados. Os resultados quantitativos e qualitativos convergiram para o estabelecimento de vínculo efetivo entre mãe e filho, apesar das barreiras e desafios encontrados neste processo. As mães passam por quatro fases, não lineares, para a consolidação do vínculo, sãoelas: elaboração do papel materno; aproximação mãe-filho; contato entre mãe-filho e adaptação e consolidação do vínculo. O tempo de hospitalização e a presença de barreiras relacionadas ao ambiente tecnológico, aos profissionais, ao recém-nascido e às crenças maternas foram intervenientes nesse processo. As mães enfrentaram maiores ou menores dificuldades para estar junto, construirvínculo com o filho e desenvolver o processo parental durante a internação, com base nas experiências anteriores de maternidade, relacionamento com a equipe e o apoio social interferindo positiva ou negativamente na vivência. Conclusão: O estudo revelou que a vinculação mãe-filho pré-termoocorreu de forma satisfatória, efetiva e segura, considerando os indicadores obtidos com o PBQ e as entrevistas qualitativas, sendo possível compreender as repercussões da internação do filho pré-termona UTIN e os riscos para o processo de construção do vínculo e parentalidade.