Avaliação do efeito neuroprotetor da Occidentalina-1202 sobre o modelo de indução parkinsoniana em camundongos por 6-OHDA

Abstract

A Doença de Parkinson (DP) é uma desordem neurodegenerativa e progressiva do Sistema Nervoso Central, caracterizada pela perda seletiva de neurônios dopaminérgicos (DA) da região da substancia nigra pars compacta (SNpc). Atualmente, a DP carece de medicamentos que possam impedir a sua progressão, sendo os tratamentos atuais direcionados para o seu alívio sintomático. Dessa forma, existe uma urgência no desenvolvimento de medicamentos que possam reverter o quadro de progressão da DP, de forma a impedir a morte progressiva dos neurônios DA. Peptídeos isolados da peçonha e veneno de animais possuem um potencial exploratório para a identificação de novos fármacos. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial efeito antiparkinsoniano e neuroprotetor do peptídeo occidentalina-1202 no modelo de lesão unilateral induzida por 6-hidroxidopamina (6-OHDA) em camundongos. Os animais foram tratados com doses diárias de occidentalina-1202 de 8, 4 e 2 mg/kg por via subcutânea e por nove dias. Dois testes comportamentais foram selecionados para este estudo: teste de desempenho motor no Rotarod e teste de comportamento rotatório induzido por apomorfina. Além disso, foi realizada uma imunofluorescência na região da SNpc, afim de identificar neurônios positivos para a enzima tirosina hidroxilase (neurônios DA). Os resultados mostraram que a occidentalina-1202 promoveu uma melhora motora progressiva nos animais tratados com a dose de 8 mg/kg, sendo capaz de preservar 60,7% dos neurônios DA na SNpc. As doses de 2 e 4 mg/kg não tiveram efeitos positivos sobre o comportamento motor dos animais, sendo que a menor dose desempenhou um efeito protetor sobre os neurônios DA, enquanto a dose intermediária não conseguiu desempenhar o mesmo efeito. Além disso, a occidentalina-1202 não reduziu os giros contralaterais em nenhuma das doses aplicadas, provavelmente devido a intermediária extensão de lesão unilateral induzida. Por último, um achado interessante foi que a occidentalina-1202 na sua dose máxima proporcionou uma sobrevida de 100% nos animais, enquanto as doses de 4 e 2 mg/kg proporcionaram uma sobrevida de 87,5% e 81,8% respectivamente, em comparação ao grupo 6-OHDA, que teve uma sobrevida menor, de 66,7%. Dessa forma, conclui-se que a occidentalina-1202 mostrou um potencial efeito antiparkinsoniano e promissor efeito neuroprotetor, sendo capaz de preservar os neurônios DA na SNpc e desempenhar uma melhora sobre o comportamento motor dos animais.