“Garotos podem brincar de chazinho” : quirizando as práticas pedagógicas na educação em visualidades

Abstract

Esta investigação vinculou práticas pedagógicas na educação em visualidades aos estudos queer, para se pensar processos de ensinar e aprender não normatizadores e questionadores da escola enquanto regime de verdade. Refiz, para tanto, o meu itinerário de atuação como professora de artes visuais, a fim de sistematizar e discutir práticas pedagógicas que foram marcadas por conflitos de gênero e sexualidade, desenvolvidas com estudantes da educação básica de uma escola privada de Brasília. O percurso correspondeu a três anos de atuação no ensino fundamental I e II, quando busquei modos de intervir que subvertessem algumas determinações curriculares institucionais e suplantassem as dificuldades encontradas por estudantes ao entrar em contato com diferenças (especialmente de gênero) e com suas existências como seres políticos. A investigação abarcou três propostas práticas desenvolvidas no contexto dos projetos de trabalho, entre os anos de 2014 e 2016, para interpretar os discursos que permearam os dados visuais coletados, suas consequências imediatas e para avaliar as possibilidades de aprendizagem decorrentes desses processos. A análise das visualidades produzidas por estudantes de cinco turmas do segundo, quarto, quinto e nono ano do ensino fundamental, à luz das categorias pedagogia queer, biopoder e visualidades informou que a sua repercussão se deu na forma de aprendizagens e ruídos que extrapolaram os espaços conformados da escola.