http://repositorio.unb.br/handle/10482/1911
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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2007_EstevaoRibeiroMonti.pdf | 2,09 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Título: | As veredas do grande sertão-Brasília : ocupação, urbanização e resistência cultural |
Autor(es): | Monti, Estevão Ribeiro |
Orientador(es): | Procópio Filho, Argemiro |
Assunto: | Sertão Cultura sertaneja Urbanização Sustentabilidade Brasília (DF) - pesquisa histórica |
Data de publicação: | 9-Out-2009 |
Data de defesa: | Mai-2007 |
Referência: | MONTI, Estevão Ribeiro. As veredas do grande sertão-Brasília: ocupação, urbanização e resistência cultural. 2007. 308 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2007. |
Resumo: | Este trabalho comprova a hipótese de que a cultura sertaneja resistiu à desconstrução e ao desenraizamento intensificado por Brasília. A resistência acontece, marcadamente, ao nível simbólico, pois os sertanejos mantém suas raízes no “Sítio Simbólico de Pertença Sertanejo”. Ele foi organizado, a partir da documentação da história de vida de pessoas vindas do Sertão do Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, a saber: o Norte de Minas Gerais, Sudoeste da Bahia e Nordeste de Goiás. Interpretei depoimentos de narradores residentes nas regiões administrativas do Distrito Federal, articulando as questões da sustentabilidade e o romance roseano. A ocupação se aproxima dos 11.000 anos antes do presente. Os Macro-Jê derivaram dos caçadorescoletores e receberam os Tupis-Guaranis, que fugiam do colonizador. Com a rebelião dos índios na lavra do ouro, os europeus importaram escravos africanos. O sertanejo nasce, então, das mestiçagens entre o branco, o índio e o negro. Sua cultura emergiu de contradições. O índio, em busca de quinquilharias, o português, de ouro e o negro, de liberdade, definem um ambiente de namoros, massacres e etnocídios. Na organização política do sistema, as capitanias cuidaram da defesa externa e conquista do Sertão; a distribuição das sesmarias foi definida pela tradição e favoritismo. Ancorados nessa natureza de distribuição de terras e no municipalismo, surgem os coronéis paternalistas, clientelistas e seus jagunços. Esgotado o ouro, pequenas cidades e latifúndios passaram a definir a paisagem com a prática da pecuária extensiva e agricultura de subsistência. Brasília, simultaneamente, aqueceu e pôs fim ao namoro entre os sertanejos e o poder instituído. É fechado um “pacto de modernidade” com a capital e a tecnologia internacional. Chegava o desenvolvimento com estradas, hospitais e escolas, mas também o desassossego da perda de biodiversidade, iminente colapso dos recursos hídricos e ocupação desordenada do território. Nascia o Sertão-Brasília. As políticas públicas dos governos posteriores ao período JK, fortaleceram o pacto. No turbilhão, a cultura sertaneja é sustentada pelo “Sítio Simbólico de Pertença Sertanejo”, cujas caixas esquemáticas são, metaforicamente, apresentadas como canastras. A “Canastra dos Mitos, Memória e Trajetória de Vida” revela sertanejos e sertanejas trabalhadores, não hedônicos, honrados, corajosos, cristãos e com trajetória de vida circular. A “Canastra Conceitual” apresenta comunidade alicerçada na família, com o marido à frente do trabalho pela subsistência; o gado é força motriz, fonte protéica, de matéria prima e acumulador de riqueza; e estrutura educacional que tanto inclui, quanto exclui. A “Canastra de Ferramentas” traz dois modelos de ação: o familiar e o comunitário, fundados na solidariedade vicinal que interliga os dois modelos. Recomenda-se o rompimento do pacto e volta do namoro, que possibilita o desenvolvimento situado. As metáforas do pacto e do namoro, extraídas do romance roseano, organizaram a interpretação das relações Sertão-Brasília, que se constitui na fusão de horizontes entre as metáforas, a fundamentação teórica do trabalho e as histórias de vida dos narradores. As metáforas fizeram a tessitura da interpretação. O pacto que Riobaldo, o narrador do romance, busca fechar com o Diabo, é cartesiano, separa, reduz e mata. O namoro é aberto, cheio de incertezas, contradições, seduções e complexo. Darcy Ribeiro (1995), Edgar Morin (1999), Terry Eagleton (2005), tratam da cultura. Hassan Zaoual (2003), Martin Buber (1987), e Simone Weil (2001), conceituam sítio simbólico de pertencimento, comunidade e desenraizamento. Considerando a importância educativa da compreensão da complexidade destas questões para as novas gerações, integrei a produção de um vídeo à metodologia. Ele dá visibilidade ao “Sítio de Pertença Sertanejo”. |
Abstract: | This study supports the hypothesis that Brazilian backland culture resisted the deconstruction and uprooting intensified by the creation and growth of Brasília. This resistance occurs markedly on the symbolic level, for the backlanders retain their roots in the “Symbolic Site of Sertanejo Domains.” This site is based on documentation of the life (hi)stories of individuals coming from the Sertão of João Guimarães Rosa’s novel Grande Sertão:Veredas, a region encompassing the north section of the State of Minas Gerais, the southwest of Bahia, and the northeast of Goiás. I have interpreted depositions from narrators residing in the administrative regions of the Federal District (Brasília), articulating questions of sustainability and the Rosean novel. This area has experienced human occupation for some 11,000 years. The Macro-Jê indigenous peoples originated as hunters and gatherers and received into their midst the Tupi- Guarani peoples fleeing from European colonizers. With the indigenous rebellion in the gold fields, the Europeans began to import African slaves. The Sertanejo, therefore, is the product of the mixing of the white, Indian and black races, and is characterized by a culture of contradictions. The Indian in search of trinkets, the Portuguese searching for gold, and the black man seeking liberty typify an atmosphere of courtships, massacres, and ethnocide. In the political organization of the administrative system, the hereditary captaincies took charge of external defense and the conquest of the backland; the distribution of cultivatable allotments was characterized by tradition and favoritism. Anchored in this tradition of land distribution and municipalism, the paternalistic “colonels” emerged with their clienteles and private armies . Once the gold supply had been exhausted, small towns, cities, and large plantations came to characterize the backland landscape, with a predominance of extensive livestock raising and subsistence agriculture. Brasília simultaneously fueled and put an end to the courtship between backlanders and institutional power. A “pact of modernity” was signed with capital interests and international technology. A wave of development – highways, hospitals, and schools – came to the fore, along with concern caused by the loss of biodiversity, the imminent collapse of water resources, and the uncontrolled occupation of available territory. And so was born the Sertão-Brasília alliance. Public policy in governments following the JK period strengthened this pact. In the midst of this whirlwind, backland culture was sustained by the “Symbolic Site of Sertanejo Domains,” whose schematic boxes are metaphorically presented as baskets. The “Basket of Myths, Memory and Life Trajectory” reveals backland workers of both sexes; they are honorable, courageous, Christian, non-hedonistic, and live a circular life trajectory. The “Conceptual Basket” presents a family-based community, with the husband at the forefront of subsistence labor; cattle are the moving force, the protein source, the raw material, and accumulators of riches; the typical educational structure is as inclusive as it is exclusive. The “Basket of Tools” offers two models of action: that of the family and that of the community founded on the neighborly solidarity that links the two models. This study recommends the breaking of the above-mentioned pact and a return to a kind of “courtship” that makes possible appropriate development. The metaphors of “pact” and “courtship” derived from Rosa’s novel structure the study’s interpretation of the Sertão- Brasília dynamic resulting from the fusion of horizons among: the metaphors, the theoretical basis of the work, and the life histories of the narrators. The metaphors constitute the interpretative texture. The pact that Riobaldo, the novel’s fictional narrator, seeks with the Devil is Cartesian; it separates, reduces, and kills. The courtship is open and complex, full of uncertainty, contradictions, and seduction. Darcy Ribeiro (1995), Edgar Morin (1999), and Terry Eagleton (2005) deal with culture. Hassan Zaoual (2003), Martin Buber (1987), and Simone Weil (2001) classify the symbolic site of domains, community, and uprootedness. In light of the educational importance of an understanding of the complexity of these questions for future generations, I have included in my methodology the production of a video, which gives visibility to the “Site of Sertanejo Domains.” |
Unidade Acadêmica: | Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) |
Informações adicionais: | Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2007. |
Programa de pós-graduação: | Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável |
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Aparece nas coleções: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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