Desospitalização e integralidade do cuidado : desafios e contradições na rede de Atenção à Saúde no serviço de nefrologia do HRAN

Abstract

Esta dissertação tem por objetivo analisar os dispositivos públicos utilizados pela equipe multiprofissional, pelas instituições de saúde e pelos próprios utentes para garantir a continuidade do cuidado e a integralidade do atendimento no processo de desospitalização no serviço de nefrologia do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). A pesquisa foi construída com base no método materialista histórico-dialético, adotando uma abordagem qualitativa, por meio de pesquisa exploratória e entrevistas semiestruturadas. Foram entrevistados nove participantes, entre utentes e profissionais vinculados ao setor de nefrologia do HRAN. A temática central do estudo é a integralidade do cuidado no contexto da desospitalização, compreendida como expressão do direito à saúde. Com base na Linha de Cuidados para Pessoas com Doença Renal Crônica e utilizando dados fornecidos pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, foi possível traçar o percurso assistencial dos usuários. Observou-se que a equipe de nefrologia do HRAN realiza um trabalho pautado em práticas articuladas e na escuta ativa das demandas e necessidades dos utentes, demonstrando compromisso com a integralidade do cuidado em sua dimensão subjetiva e relacional. No entanto, ao se considerar a integralidade em sua concepção ampliada, conforme preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os dados revelaram limitações na articulação intersetorial com outros serviços e políticas públicas. Assim, não se pode afirmar que o setor de nefrologia do HRAN promova uma atenção integral capaz de garantir o direito à saúde dos utentes, especialmente daqueles que dependem da resolutividade do Estado e da continuidade do tratamento nos diferentes níveis de atenção. O estudo sugere, em suas notas conclusivas, que, diante dos múltiplos desafios enfrentados por profissionais e utentes na atenção integral à saúde, persiste o que se denominou nesta investigação como uma “integralidade focalizada”, ainda distante dos pressupostos constitucionais que orientam o SUS