Risco de sarcopenia em idosos de Brasília associado a qualidade e sustentabilidade do consumo alimentar, ao estado nutricional e ao nível de atividade física

Abstract

Introdução: O envelhecimento é um processo natural que envolve declínios físico e cognitivo, sendo os hábitos de vida essenciais para garantir um envelhecimento saudável. Os hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis podem ser medidos por índices como o Planetary Health Diet Index (PHDI). A sarcopenia, condição comum entre idosos, pode ser influenciada pela nutrição, estilo de vida e doenças crônicas. Nesse contexto, o estudo tem como objetivos avaliar marcadores de consumo alimentar e saúde com risco do desenvolvimento da sarcopenia em pré-idosos e idosos de Brasília (Distrito Federal, Brasil). Métodos: Este é um estudo transversal, descritivo e analítico. A amostra de conveniência com 106 voluntários hígidos de ambos os sexos, de 55-75 anos residentes na Região Administrativa I do DF foram avaliados, por meio de aferições antropométricas (peso, altura e índice de massa corporal (IMC)), testes de força física, questionários sociodemográficos, dois recordatórios de consumo alimentar (R24h) através do método Multiple Pass Method e de atividade física (R24hAF), questionário de frequência de consumo de suplementos, e risco de sarcopenia (SARC-F). A qualidade da dieta foi avaliada pelo PHDI. O programa Multiple Source Method foi usado para correção da variabilidade intrapessoal do consumo. A atividade física foi caracterizada com dois R24hAF (um presencial e outro telefônico), usando o Adult and Older Adult Compendium (2024) para conversão das atividades em METs. O R24hAF foi corrigido para o erro de medida com acelerometria. A análise de regressão logística multinomial foi usada para verificar a associação do SARC-F com as variáveis pesquisadas. A análise da adequação/inadequação nutricional e toxicidade baseada nas DRIs (Dietary Reference Intakes) são apresentadas por estatísticas descritivas. O PHDI foi analisado pelo método de “Árvore de decisão”. Resultados: As associações indicam que os homens têm 3,838 vezes mais probabilidade do que as mulheres de obter pontuações mais baixas nos componentes relacionados à perda de força física. A razão de chances do IMC sugere que, para cada ponto adicional no IMC, a probabilidade de obter uma pontuação mais baixa diminui por um fator de 0,841. Ou seja, IMC alto tende a ter pontuações mais altas nos componentes relacionados à perda de força no SARC-F. Nenhuma associação significativa foi encontrada entre o PHDI e a atividade física (METs/h). O uso de suplementos foi associado a uma redução na prevalência de inadequação de vitamina D, vitamina E, cálcio e magnésio, e eliminou completamente o risco de inadequação de vitamina B12 e niacina. Por outro lado, o uso de suplementos excedeu o Nível Superior de Ingestão Tolerável (UL) para vitamina A, magnésio, cálcio, vitamina D, niacina, fósforo, selênio, cobre, vitamina C, vitamina E e folato. Os homens apresentaram um número maior de inadequações na ingestão de nutrientes em comparação às mulheres. Em relação às tendências de escolha alimentar, apenas 8% dos idosos apresentaram um perfil de ingestão mais saudável e sustentável, caracterizado pelo menor consumo de açúcares, gordura animal e carne vermelha, e maior ingestão de hortaliças, frutas e nozes. Conclusão: A população pré-idosa e idosa de Brasília destaca-se por um nível de escolaridade elevado, acesso a suplementos alimentares e prática significativa de atividade física. Contudo, essa população precisa de melhor orientação quanto às escolhas alimentares, especialmente entre os homens. A alimentação das pessoas idosas quanto a qualidade da dieta alinhada à sustentabilidade do meio ambiente precisa ser melhorada. A associação positiva entre o aumento do IMC com maior risco de sarcopenia indica a necessidade de intervenções que busquem adequar a prática de atividade física de indivíduos idosos.