Entre conceitos, vivências e educação : um estudo com mães de recém-nascidos prematuros

Abstract

O presente Trabalho Final de Conclusão de Curso (TFCC) tem como objeto de pesquisa as vivências de mães de recém-nascidos prematuros internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. No Brasil, nascem aproximadamente 340 mil recém-nascidos prematuros por ano. São recém-nascidos que nascem antes de completar 37 semanas de gestação, a idade gestacional que define o momento em que estariam suficientemente maduros para uma adequada adaptação à vida extrauterina. Sendo assim, caracterizam-se pela vulnerabilidade e dependência de um cuidado específico e seguro. Demonstrar interesse e tentar saber o que se passa com as mães do recém-nascido pré-termo sobre as vivências do parto prematuro, os sentimentos e reações gerados, os recursos utilizados no enfrentamento, é algo que pode influenciar positivamente no trabalho da equipe multiprofissional e consequentemente na criação de um vínculo efetivo entre mãe e filho e entre a equipe e o binômio mãe-recém-nascido. Este contexto em que a prematuridade se encontra inserida, com destaque aqui para as vivências das mães de recém-nascidos prematuros durante a internação na UTI neonatal, gera uma preocupação enorme quanto à relação mãe-recém-nascido, do binômio com os profissionais e aos cuidados que podem favorecer as interações e a segurança destes recém-nascidos após a alta. O objetivo deste estudo é escutar as vivências de mães de recém-nascidos prematuros relacionadas ao período de internação em uma UTI neonatal. Na tentativa de tornar mais amplo o exercício do pensamento sobre as vivências das mães de recém-nascidos prematuros buscou-se uma sustentação e relação com a filosofia, através de contribuições teóricas sobre vivências pela leitura de Friedrich Nietzsche e da filosofia do francês Jacques Derrida. Optou-se pela utilização de metodologias pós-críticas como meios de investigação e tratamento dos escritos obtidos. Trata-se do Método Otobiográfico e do Método de Timpanização, os quais guiaram as Oficinas de Transcriação. O formato adotado para a organização desta pesquisa foi o multipaper, sendo estruturado da seguinte maneira: introdução, artigos (I, II e III), produto técnico, considerações finais, referências adicionais do TFCC e apêndices. Os três artigos foram intitulados como: I: Saúde e doença como possibilidades de uma vida; II: Vivências maternas em uma unidade de terapia intensiva neonatal: um estudo otobiográfico; III: Educação em saúde: discursos, práticas e desafios. O estudo traz como produto técnico uma proposta educativa voltada para mães de recémnascidos internados na UTI Neonatal. Os resultados mostraram que as narrativas das mães constitui um elemento importante para a compreensão do contexto, das experiências e do modo como cada uma constitui as suas vivências. Cada mãe expressou um jeito único de dar voz ao seu medo e insegurança durante a internação do filho na UTI, aspectos estes muito presentes em suas falas. Na contra mão do que propõe este estudo, ainda é tendenciosa e arriscada a manutenção de práticas verticalizadas nas instituições de saúde, havendo poucas brechas às potências de criação. Buscou-se a formação de um sincretismo, ao tentar integrar novas questões a partir das percepções das mães com os conhecimentos trazidos pela medicina e pela filosofia. Enfim, mais uma tentativa de ir além de uma perspectiva medicalizadora da vida.