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Título: Do ka’a he’ẽ à estévia, da estévia ao ka’a he’ẽ : conhecimentos tradicionais, ciência, tecnologia e mercadoria
Autor(es): Almeida, Felipe Vianna Mourão
Orientador(es): Barretto Filho, Henyo Trindade
Coorientador(es): Guimarães, Sílvia Maria Ferreira
Assunto: Conhecimento tradicional
Estévia
Stevia rebaudiana
Ontogênese
Indígenas
Indígenas - vida e costumes sociais
Indígenas Kaiowá-Guarani
Indígenas Paĩ Tavyterã
Data de publicação: 26-Mai-2021
Referência: ALMEIDA, Felipe Vianna Mourão. Do ka’a he’ẽ à estévia, da estévia ao ka’a he’ẽ: conhecimentos tradicionais, ciência, tecnologia e mercadoria. 2020. 388 f., il. Tese (Doutorado em Antropologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Resumo: No final do século XIX e início do século XX, o naturalista ítalo-suíço Moisés Bertoni, radicado no Paraguai, descreve em boletins científicos informações sobre uma planta de folhas doces, sobre a qual ouviu falar por meio de indígenas da região oriental paraguaia. Essa planta foi chamada de Stevia rebaudiana, e despertou o interesse, já antevisto por Bertoni, na sua aplicação na indústria de edulcorantes, ao longo do século XX. No período entre as décadas de 1950 e 1970, que coincidiu com o final do período de decadência dos ervais de extração de erva-mate, localizados em ambos os lados da fronteira entre Brasil e Paraguai, os primeiros produtores paraguaios conseguiram realizar plantios comerciais da planta, possibilitando a sua propagação para outros lugares. Após isso, na década de 1970, imigrantes japoneses que se instalaram no lado brasileiro da fronteira com o Paraguai adquiriram uma grande quantidade de mudas, as quais foram transplantadas para o Japão. Nas décadas seguintes, foram produzidas variedades melhoradas de estévia, aliadas a uma série de estudos e experimentos científico-tecnológicos, culminando, no século XXI, com a produção de edulcorantes com alto valor de mercado. Atualmente, a estévia alimenta uma indústria bilionária em todo o mundo. No entanto, existe uma história pouco contada sobre esse caso de sucesso da estévia como uma mercadoria mundial, e essa é a história sobre os conhecimentos tradicionais dos Kaiowa, Guarani e Paĩ Tavyterã, indígenas que habitam ambos os lados das fronteiras entre Brasil e Paraguai, na altura dos estados do Mato Grosso do Sul, e do Departamento de Amambay, respectivamente. Essa tese visa, por um lado, contar a história de como a estévia tornou-se, de uma planta utilizada por esses indígenas para diversos fins - dentre estes como forma de proteção e de produção de afecções desejadas nos corpos de jovens (meninos e meninas) na época da puberdade -, em uma mercadoria de alcance mundial. Por outro lado, a tese busca refletir sobre as diferenças entre as práticas de conhecimento que são performadas, de um lado, pelos indígenas, e de outro, pela ciência e tecnologia, e os seus efeitos na geração de valor (tanto no sentido do que é bom e desejável para a vida, quanto no sentido econômico, da medida do grau em que os objetos são desejados, medido com base no que os outros estão dispostos a desistir para obtê-los, quanto no sentido estruturalista de diferença significativa). Importante também, para essa reflexão, as condições de possibilidades conformadas por meio de fluxos de materiais, em processos de colonização e mudança da paisagem, para que determinadas práticas de conhecimento sejam mais viáveis, desejáveis, tidas como mais racionais do que outras. O processo histórico de colonização interna e do desmatamento de florestas seguido da abertura de propriedades privadas na forma de fazendas sobre os territórios indígenas Kaiowa, Guarani e Paĩ Tavyterã, em meados do século XX, no sul do MS e na área fronteiriça do Paraguai, junto do confinamento dos indígenas em pequenas reservas, tiveram um papel importante de limitação dos processos de ontogênese que conformam o que costuma-se chamar de conhecimentos tradicionais Kaiowa, Guarani e Paĩ Tavyterã. Por fim, reflete-se sobre os efeitos, tanto do ponto de vista das políticas públicas quanto do próprio fazer etnográfico de se chamar uma série de práticas de “conhecimento”, principalmente no que diz respeito a torná-las disponíveis, atribuindo-se a elas um “valor de troca”, sem deixar de lado outros aspectos da crítica marxiana sobre o fetichismo da mercadoria e que podem ser pensado a partir dos efeitos dos fluxos de materiais provocado no processo de colonização interna no sul do MS e leste do Paraguai, e da expansão de propriedades privadas sobre os territórios indígenas.
Abstract: At the end of the 19th century and the beginning of the 20th, the Italian-Swiss naturalist Moisés Bertoni, based in Paraguay, described information in scientific bulletins about a sweet leafy plant, which he heard about through indigenous people in the eastern Paraguayan region. This plant was called Stevia rebaudiana, and aroused the interest, already foreseen by Bertoni, in its application in the sweetener industry, throughout the 20th century. In the period between the 1950s and 1970s, which coincided with the end of the decay period for the extraction of yerba mate herbs, located on both sides of the border between Brazil and Paraguay, the first paraguayan producers managed to carry out commercial plantings of the plant , allowing its spread to other places. After that, in the 1970s, Japanese immigrants who settled on the Brazilian side of the border with Paraguay acquired a large number of seedlings, which were transplanted to Japan. In the following decades, improved varieties of stevia were produced, combined with a series of scientific and technological studies and experiments, culminating, in the 21st century, with the production of sweeteners with high market value. Currently, stevia feeds a billion dollar industry worldwide. However, there is a little-told story about this success story of stevia as a world commodity, and this is the story about the traditional knowledge of the Kaiowa, Guarani and Paĩ Tavyterã, indigenous people who live on both sides of the borders between Brazil and Paraguay, at the states of Mato Grosso do Sul, and the Department of Amambay, respectively. This thesis aims, on the one hand, to tell the story of how stevia became, of a plant used by these indigenous people for various purposes, among them as a way of protecting from unwanted and producing desired changes in the bodies of young people (boys and girls ) at the time of puberty, in a worldwide commodity. On the other hand, the thesis seeks to reflect on the differences between knowledge practices that are performed, on the one hand, by indigenous people, and on the other, by science and technology, and their effects on the generation of value (both in the sense of what it is good and desirable for life; as in the economic sense of the measure of the degree that objects are desired, measured based on what others are willing to give up to obtain them; as in the structuralist sense of significant difference). Also important, for this reflection, are the conditions of possibilities conformed by means of material flows, in processes of colonization and landscape change, so that certain knowledge practices are more viable, desirable, considered more rational than others. The historical process of internal colonization and deforestation followed by the opening of private properties in the form of farms over the indigenous territories of the Kaiowa, Guarani and Paĩ Tavyterã, in the mid-twentieth century, in the south of MS and in the border area of Paraguay, along with the confinement of the indigenous people in small reserves, played an important role in limiting the processes of ontogenesis that make up what is usually called the Kaiowa, Guarani and Paĩ Tavyterã traditional knowledge. Finally, it reflects on the effects, both from the point of view of public policies and the ethnographic work itself of calling a series of practices by the tag of “knowledge”, mainly with regard to making them available, attributing to them an “exchange value”, without neglecting other aspects of the Marxian criticism of commodity fetishism and which can be thought of based on the effects of material flows caused in the process of internal colonization in southern MS and eastern Paraguay, and the expansion of private properties over indigenous territories.
Resumo em outro idioma: Upe Síglo 19 paha, síglo 20 ñepyrúme, Moisés Bertóni, arandu Italia ha Suiza ñemoñare oikóva Paraguái retãme, omombe’u kutia arandu rupive peteĩ pohã ka’aguy hogue re’ẽva reko, omombe’u va’ekue chupe avakuéra oikóva kuarahy resẽkotyo – Región Oriental – tetã Paraguáipe. Ko ka’a, guaraníme ojeheróva ka’ahe’ẽ ha’e ombohéra stevia rebaudiana ha pya’e omonambi pu’ã umi asukáre omba’apovakuérape, oha’arõ haguéicha voi karai Bertóni. Péicha ojehu upe síglo 20 pukukue. Ha upe 1950 ha 1970 pa’ũme, ikangyve jave ohóvo ka’a ñemono’õ pe Brasil ha Paraguái retã ojoajuhápe, Paraguáipegua ñemitỹhára oñotỹ ñepyrũ upe ka’a he’ẽ ha upéicha rupi isarambi ypy ambue tetãre. Upe riréma, upe 1970 pa’ũme, Japón-guakuéra oñemohenda va’ekue Brasil retãgotyo, Paraguái retãgui oñemboja’ohápe, ojogua hetaiterei ka’ahe’ẽ ra’y ha oguerahauka hikuái Japón-pe. Upe rireve jeýma, oñemomenda ambue ka’áre ha ojejapo pe stevia imbarete ha iporãvéva rehegua. Péicha oiko ojejapo rupi heta estúdio hu’ãva síglo 21-pema, upéicha rupi tuicha ojupi asuka osẽva ka’ahe’ẽgui repy. Ko’agaitérõ pe stevia oiporúva indústria-kuéra omongu’e 1000 millones dólares ko mundo tuichakue javeve. Katu upeichavére oĩ mombe’upyrã oñeguerokañýva ko mba’eguasu hepyetéva rehegua; noñemombe’úi ko ka’ahe’ẽ jeporu oñepyrũhague Kaiowa, Guarani ha Paĩ Tavyterã kuéra oikóva, jovaive, Paraguái ha Brasil retã ojoajuhápe, Mato Grosso do Sul ha Amambay departamento-pe. Ko haipy omopyrendáva che rembiapo guasu, peteĩhaguivo omombe’use mba’éichapa ko stevia, ka’amirĩ, oiporúva avakuéra heta mba’erã; umíva pa’ũme mba’éichapa oñangareko térã ombojehuta kunuminguéra retepýpe mba’asy (taha’épa kuña térã kuimba’e ohasa jave hikukái mitã rekógui, kakuaa rekópe) ha oiko chugui peteĩ mba’e repy guasu, arapy tuichakue javeve ojeporúva. Péva ari, ko haipy ogueroamindu’u mba’éichapa oiporu imba’ekuaa umi avakuéra ha mba’éichapa avei oiporu okaygua hi’arandu ha tembiporu pyahu ombojehu haguã mba’eporupyrã; taha’épa ou porã térã ouvaíva yvyporakuéra rekovépe guarã (taha’épa akarapu’arã ha avei pe mba’epota katuete tekotevẽhápe peteĩva ohejarei ikatu haguã ambuevakuéra ohupyty ha ombyaty heta). Avei ko haipy ogueroamindu’u ojehuva’ekue ojeitypávo ka’aguy ha oñemoĩ hendaguépe vaka retã ha temitỹ. Upekuévo tuicha iñambue hague umi tenda ha ipokavẽ hague heta mba’e oiporúva Kaiowa, Guarani ha Paĩ Tavyterã, upe síglo 20 mbytérupi. Umi mba’e ojehúvo oñemomba’e guasuve okaygua arandu ha oñemomba’e rei avakuéra rembikuaa. Ipahaitévo, ko haipy oñamindu’u opa ko’ã ojehu va’ekuépa mba’éicha opyvoi raka’e, taha’e Estado rembiapo, térã antropólogo-kuéra omongu’éva tembiapóre, avaretãnguéra rupi omono’õ jave opa “tembikuaa” rehegua1.
Informações adicionais: Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, 2020.
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Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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