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Título: Testemunho e corpos bárbaros: a linguagem virilista e a ausência-presença dos textos e das personagens em Second-Class Citzen, Waiting for The Barbarians e Leite Derramado
Autor(es): Freire, Anna Isabel Santos
Orientador(es): More, Anna Herron
Assunto: Testemunho
Corpo e arte
Violência
Data de publicação: 14-Mar-2025
Referência: FREIRE, Anna Isabel Santos. Testemunho e corpos bárbaros: a linguagem virilista e a ausência-presença dos textos e das personagens em Second-Class Citzen, Waiting for The Barbarians e Leite Derramado. 2025. 311 f. Tese (Doutorado em Literatura) — Universidade de Brasília, Brasília, 2025.
Resumo: Neste estudo, investigo como a tensão entre a ausência e a presença do corpo, tanto do corpo do texto quanto dos corpos das personagens, revela as estruturas de poder que negam o direito ao testemunho ao “corpo bárbaro” nos romances Second-Class Citizen (1974), de Buchi Emecheta, Waiting for the Barbarians (1980), de J. M. Coetzee, e Leite Derramado (2009), de Chico Buarque. A problemática central é compreender, dentro dessas narrativas, como a predicação, mediada pelo apanágio do mandato de virilidade, estrutura o poder de nomear, violar e testemunhar, e como certos corpos desvirilizados são silenciados, apagados ou excluídos dessa dinâmica. O objetivo principal da pesquisa é explorar como as vozes narrativas, nesses romances, ao lidarem com a tensão entre a ausência e a presença do corpo, desafiam os limites da linguagem, ao abordar a relação entre corpo, testemunho e memória. A análise é sustentada, principalmente, pelas teorias de Denise Ferreira da Silva e Piero Eyben, que expandem a crítica de Jacques Derrida sobre o arquivo, colocando em foco a predicação e a determinação do ser como elementos estruturantes do poder. Hortense Spillers, Saidiya Hartman, Judith Butler, Silvia Federici, Cida Bento, Antonio Bispo e Márcio Seligmann-Silva são alguns dos autores que também dão sustentação a esta pesquisa. A pesquisa destaca que, embora os corpos desvirilizados não se configurem diretamente como testemunhas, as vozes narrativas afirmam a presença e a ausência desses corpos ao revelarem que os registros escritos daquelas narrativas não existem no mundo diegético, pois não foram escritas de fato, ou foram queimadas, apesar de seus rastros persistirem no universo narrado. A metodologia adotada combina análise literária com os conceitos centrais de predicação, corpo e poder, investigando como os narradores, ao deixarem escapar essa tensão entre ausência e presença, revelam as contradições nas estruturas de poder que controlam o arquivo e a memória coletiva. Os resultados apontam que essas narrativas não apenas subvertem as estruturas de poder, mas também oferecem novas formas de resistência e de reconfiguração da identidade, ao dar visibilidade àqueles corpos que são, ao mesmo tempo, ausentes e presentes. O testemunho, nesse contexto, emerge como um ato paradoxal: enquanto legitima o poder, também expõe as violências do controle sobre a memória coletiva. A carne, entendida como corpo político e instrumento de resistência, recusa as imposições da virilidade, transformando-se em um território de produção de conhecimento e possibilitando novas formas de ser e de existir. Este estudo conclui que a literatura analisada transforma o corpo e a carne em espaços de contestação, subvertendo as hierarquias de gênero e as estruturas de poder, reformulando o papel do testemunho como uma prática de resistência que desafia a imposição da virilidade e da memória oficial.
Abstract: In this study, I investigate how the tension between the absence and presence of the body, both the body of the text and the bodies of the characters, reveals the power structures that deny the right to testify to the "barbarian body" in the novels Second-Class Citizen (1974) by Buchi Emecheta, Waiting for the Barbarians (1980) by J. M. Coetzee, and Leite Derramado (2009) by Chico Buarque. The central problem is to understand, within these narratives, how predication, mediated by the prerogative of the mandate of virility, structures the power to name, violate and testify, and how certain devirilized bodies are silenced, erased or excluded from this dynamic. The main objective of the research is to explore how the narrative voices, in these novels, when dealing with the tension between the absence and presence of the body, challenge the limits of language by addressing the relationship between body, testimony and memory. The analysis is supported mainly by the theories of Denise Ferreira da Silva and Piero Eyben, who expand Jacques Derrida's critique of the archive, focusing on predication and determination of the being as structuring elements of power. Hortense Spillers, Saidiya Hartman, Judith Butler, Silvia Federici, Cida Bento, Antonio Bispo, and Márcio Seligmann-Silva are some of the authors who also support this research. The research highlights that, although the devirilized bodies are not directly configured as witnesses, the narrative voices affirm the presence and absence of these bodies by revealing that the written records of these narratives do not exist in the diegetic world, since they were not actually written, or were burned, despite their traces persisting in the narrated universe. The methodology adopted combines literary analysis with the central concepts of predication, body and power, investigating how the narrators, by letting this tension between absence and presence escape, reveal the contradictions in the power structures that control the archive and the collective memory. The results indicate that these narratives not only subvert the structures of power, but also offer new forms of resistance and reconfiguration of identity, by giving visibility to those bodies that are, at the same time, absent and present. Testimony, in this context, emerges as a paradoxical act: while it legitimizes power, it also exposes the violence of control over collective memory. The flesh, understood as a political body and an instrument of resistance, refuses the impositions of virility, transforming itself into a territory of knowledge production and enabling new ways of being and existing. This study concludes that the literature analyzed transforms the body and the flesh into spaces of contestation, subverting gender hierarchies and power structures, reformulating the role of testimony as a practice of resistance that challenges the imposition of virility and official memory.
Unidade Acadêmica: Instituto de Letras (IL)
Departamento de Teoria Literária e Literaturas (IL TEL)
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.unb.br, www.ibict.br, www.ndltd.org sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra supracitada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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